segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Trombar

Sobre o céu de Sueli, múltiplas unidades de estrelas,
abaixo da azul atmosfera
unidades numerosas de humanos
em cada qual no seu buraco,
nessas milhões de covas que serão cavadas
trombaremos com poucos corpos...

O Outro

Às mãos cansadas, o toque,
nos braços o corpo de outrem
Entrelançam vontades, desejos,
de seres que se comunicam,
que falam de tuas ganas de sentir o outro.

Moderno Romance

À espera de meu eu, está você,
nas portas dos cinemas, debaixo das camas, atrás das cortinas.
Dai-me de presente uma flor
e com meu ardor desconsidero.
Figurando nas margens do lago
me lanço a nadar, do tracejar rumo com teu barco,
não sei o que há no fundo
apenas ciência tenho, me afogarei.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cala bouço

Induz em lustre mundo

numa clareira dentro do labirinto

infunde ideias, confunde cabeças

em tom bom, alto conduz em malabares

não desequilibrando os bastões

com os pés em rumo qualquer

ditando pós em círculos desfeitos

vigente delírio para ser firme.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

ANDRÉ

Uma pose para uma tragada
corpo descomposto, cigarro entre os lábios grossos.
Fumava música underground,
nos cabides roupas de sua mãe.
A interrogação lhe fazia companhia,
conversava com a tesoura ao repicar cabelo.
E dizia com licença ao Mr. Stardust,
para em sua algibeira pôr foto de Xuxa.

THE END

'dENTRO DUMA CAIXA ESCURA,
A VISITA DA LUZ PRESENTE SE FAZ.
pASSA PELA ENTRADA, UM ORIFÍCIO,
MAPEIA O FOTOGRAMA E FOGE.'

'o ÚLTIMO ENCONTRO A BEIRA DO AMOR,
QUE SE DESFAZ NUM MÍNIMO "ADEUS",
SEM UM BEIJO OU CORRIDAS DE TÁXI.
uM FINAL SEM DEIXA DE BLOCKBUSTER.'

Penélope Cruz

Antes da morte
me faço na corte
Com este rei sentir
ponho-me a refletir

Expulso a ânsia
em linhas douradas
Vi primeiro, renda
em nebulosas cores
e desenhei no profundo poço
o meu eu persona

Pintando o Silêncio

As não proferidas palavras,
dum jogo de olhares.
As bocas fechadas,
duns tempos passados.
E no quadro a figura
do não realizado
com retoques do que acontecerá.

'Dançando no escuro'

Tão clichê quanto o título deste texto
é o pensamento do não saber do que há por vir,
assim dançando no escuro estamos.

A Máquina

Em seu experimento
Bernardo inventa a máquina,
afim de substituir seu coração,
afim de acabar com os sentimentos

AMOR CAPITAL

Uma moeda
Te pago o café
Compro um afeto
Com a cara, falo verdades
Com a coroa, negocio um beijo

quarta-feira, 15 de junho de 2011

James

Entre livros, menções,
pulsões, canções, equações.
Derivo o todo desta vida matemática
como resultado encontro você.


Nesta igualdade, isolo meu desejo
e igualo a : quero te conhecer.
Integrando as partes deste eu,
acho que o limite da função
tende a te dizer "oi".

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Coletânea "Poemas na Biblioteca"

'O Rei do Copo de Café'

Passados os passos
de um caminho leigo
ao encontro do oráculo,
faz-se necessário a cesta.
Ressurgi dominando a Fênix,
o meu súdito copo de café.
Abençoo a abundância,
que dará continuidade
aos meus abertos olhos.

'Flertes Fatais'

Fadigados meus olhos se acham
de nadarem nas linhas de "O Mundo de Sofia".
Submergem para respirarem,
na superfície vê-se um farol,
sua luz chega a minha íris
como humano que sou lanço fatal flerte.

'Poeira Ancestral'

No abrir do livro,
remanescente encontra-se poemas.
No canto direito Chico Buarque,
vira-se a página e um grão de poeira
estático está sobre o 't' de "Partido Alto".
No uivo do canto do gato,
o vento traz os cochichos
e leva o grão a estacionar.
Próxima parada:
Nussenzveig- Física Geral I


'Saltos Salpicantes'

Horas: 10:01h
Sensação: calmaria
Objetivo: ler "Anna Frank"
Acontecimento:
ao acorde do som do silêncio
rezo minhas palavras.
Páginas com letras,
que em conjunto formam
"Anna Frank"
Com o virar da página
descubro que interativo o livro é.
Ouço tiros e bombas a explodir.
Me entorpece a cabeça,
nível de concentração: zero
Doce ilusão, a falta de som do som do silêncio
provem dos saltos salpicantes da livreira.

'Lang'

Encadeamento genoma GLAM
Aversão e a ALTURA
Roupa que se molda,
colorida costurada a preceitos
Antagônicos papéis
dos personagens sociais.
Transmuta-se no mar
"Água-viva" e
descronometrar
Recria-se em Brás Cubas
VESPA

'Desejo'

Imóvel geratriz
Proporciona esta ânsia
Indago-me sobre sua raiz
Pés nus na frustacia

'Perca da Inocência'

Se te olhas no espelho
e vês a bifurcação,
caminharás para a descoberta
de um novo mundo.

'REBECCA'

Indissolúvel ELA
Num EU auto-suficiente
Anti papéis do sócio que fala
Configura PSICO em F.E.M.
Maquia a tinta M.A.S.
Neste baile,
máscaras justapostas
Troca o seu MIM
em
quem sou EU.



'Glossário do Amor'

Por meio a prateleiras
Eu pego Física Moderna
Ela se debruça a Bioquímica
Primeiro Capítulo:
Vejo seus movimentos,
olhos piscando, boca falando.
Segundo Capítulo:
Intacto, soluçando admirações,
hipóteses diversas são inventadas.
Terceiro Capítulo:
Construo histórias em minha cabeça
desde sua personalidade, efemeridades
à encontros qualquer a dois.
Quarto Capítulo:
conversar, conhecer: meu desejo
abraçar, estudar juntos.
Quinto Capítulo:
último
cada qual sai da biblioteca
sem trocar palavras.






quarta-feira, 18 de maio de 2011

Doce Lar

Roupas de malas desfeitas,
trilhos a pensar.
Encontros a sós a marcar,
cavaletes, partituras, assinaturas, refeitas.

domingo, 3 de abril de 2011

21+1+1

Eu

O fato de estar fazendo mais um ano de vida (e este ano é puramente social) não condiz que tenho maturidade ou que me encontrei. Estou perdido, as coisas permanecem iguais, apenas os ângulos se modificaram. Meus anseios são os mesmos, conseguir um emprego (anseio capitalista) e uma companhia.
O passado e a solidão aterrorizam todos os seres humanos. Gostaria de que a vida tivesse sentido, mas não há motivação em continuar, talvez a encontre no cheiro do suor de um corpo ou no meu enquanto atuo numa peça de teatro. O que mantém vivo é a Arte. Já não consigo me encaixar nas condições sociais....e como no Orkut de Isabela diz, sou um psicopata (não que meu Id supere meu superego, é que meu ego funciona em outros padrões).

Ateísmo

Depois de um certo estágio, onde algumas leituras, conversas com colegas, filmes e indagações próprias foram lidas, feitas, assistidos e realizadas, comecei a me perguntar sobre o por quê de existir.
Se fossemos criados para unicamente adorar um Deus, este deveria ser extremamente narcísico, logo também estaríamos aqui interpretando um texto e como onisciente que é, saberá qual será nosso fim. Então um cara perfeito com tédio resolve criar peças para se divertir, aliás de onde vem este cara eu não sei mesmo. Mas enfim, somos como um xadrez, onde existe o bem e o mal. Bem em todas as estórias infantis e filmes clichês existe o bem e o mal, então nesta estória de criação, como em todas as outras inventadas, existem estes dois pólos. No Cristianismo eles são protagonizados por Jeová e Lúcifer. Aliás, prefiro as HQ’s de Alan Moore, são mais bem criadas, com aparatos sofisticados de bem e mal.
Se Deus quiser, o sistema capitalista ficará feliz em saber que as pessoas esperam milagres, ao invés de, se quiserem, lutar por seu capital. A burguesia devota religiões, onde a pobreza é considerada apenas um período de “foi vontade divina”.
Interessante notar como evangélicos tem um dinâmica de salvamento interessante: antiprostitutas, antiqualquer pecador, mas nem observam que de suas línguas e gestos acionam mecanismos de preconceitos aos não salvos.
Besteira, guardar a boca e não mandar ninguém tomar no cú, me masturbar, transar, abraçar e ser feliz sem atingir o próximo e claro dentro da ética social proposta. Não digo que não seja angustiante saber que morrerei e as lembranças serão perdidas, que o nada impera após meu último suspiro No entanto um peso foi tirado de minhas mãos, os rituais, aquelas seres com pensamentos demasiadamente pequenos, com questões pequenas, são perturbadores também. E questões sem respostas, como “quem criou Deus, por que ele nos criou” não me deixam em paz. Após um nível alcançado não se volta ao anterior.

Artes

Tenho procurado a resposta pelo desejo de seguir a profissão de Artes e me interessar pelo assunto. No entanto não encontrei a resposta. Psicanaliticamente falando tenho algumas respostas, superficiais, mas respostas. Os seres humanos em minha volta acabam não entendendo esta vontade, acreditam que seja momento, um sentimento que logo passará. Sei.
Gosto de cinema, teatro, música, literatura e não quero desistir de estudar estes assuntos e tentar trabalhar em cima disso. Pôr minhas idéias num papel e depois passar isso por bocas de atores, onde certamente gostaria de atuar.
Tenho esta energia dentro de mim, é difícil controlar ela. Não canalizá-la a um ponto que não seja um teatro, é suicídio. Sei qual é o local onde ela deve ser gasta e apenas lá será pleno.

Homossexualidade.

Frase clichê: Não é opção, é meu desejo. Incontrolável desejo de beijar garotos, abraçar eles, sentir eles. Assim como os hetero tem seus desejos, homos também os tem. Não esconderei em baixo de um pedra a vontade que tenho. Vontade esta que remota também ter algo sólido, uma família. O resto crítica, mas não estão dentro de meu corpo, não possuem minha vida. Não é um demônio, nem doença, apenas um pedaço do Eder. Não sou apenas gay, sou homem, sou filho, sou professor, sou um emaranhado de coisas, um mosaico. Não há necessidade de seguir o estereótipo gay proposto pela sociedade. Quero que saibam que estou feliz por mim, então que fechem as bocas e façam suas vidas melhores do que não são.

Psicanálise

O meu desejo por escutar música até este instante é interminável. Escrever. Características minhas, compostas durante um tempo. Esta ciência conseguiu responder algumas questões em minha mente. Isto que Freud pôs no papel e seus contemporâneos potencializam me fez analisar-me e observar o próximo com outro olhar. Me fez de certa forma livre, e não estou sendo sartreando e mais humano.
Sabe as pessoas se preocupam com suas roupas. Mas não queria ser desta maneira, nem me preocupar com a marca de tais amontoados de algodão. Não queria ter comportamento que tenho quando algum garoto que acho bonito aparece por perto, aliás de onde vem este bonito que está em nossa mente. Não consigo não pensar nisso.